Com Bola e Tudo

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Brasileirão 2017: de favas contadas a novela mexicana

por Guilherme Barbosa, em 2017-11-03 00:00:00

O futebol é uma grande paixão pra mim. Não só pelos lances bonitos e a emoção envolvida numa partida, seja ela numa grande arena nos padrões (pasteurizados) da Fifa, com atletas de alto rendimento disputando uma Copa do Mundo, ou numa ruazinha qualquer de chão batido, com meia dúzia de crianças jogando para decidir qual trio pagará o litro de Coca-cola a ser milimetricamente compartilhado para todos após o “golzinho fechado” numa tarde terça em qualquer bairro desassistido da cidade.


O futebol me chama a atenção e desperta em mim essa tal paixão também pela emoção no extracampo. Afinal, quem gosta do baba quer vencer, sem importância de que o prêmio seja a Copa do Mundo e os milhões de dólares envolvidos nisso ou o litro de Coca-cola a ser dividido pra seis pessoas. Muita coisa acontece fora das quatro linhas, motivando ou desmotivando cada jogador. E isso faz colunistas como eu se surpreenderem.


Eu escrevi aqui recentemente e disse a pessoas com quem conversei que já deveriam ter entregue a taça para o Corinthians. Sim, foi um erro gigante, mas eu ponderei que só uma tragédia histórica tiraria o título do Corinthians no Brasileirão desse ano.


Ao final da primeira metade do Campeonato Brasileiro, o Timão tinha o melhor primeiro turno de um time na história do Brasileirão de pontos corridos. Com 47 pontos, o Timão quebrou o recorde que pertencia aos mineiros Atlético e Cruzeiro, que tinham atingido a marca dos 43 pontos no primeiro turno, em 2012 e 2014, respectivamente.


Oito pontos separavam o Corinthians do Grêmio, até então o segundo colocado na competição. Essa é a maior diferença de pontos para o vice-líder ao final do primeiro turno, da história do Brasileirão. Essa marca, até o ano passado, pertencia a São Paulo e Cruzeiro que, líderes, estavam a 7 pontos dos segundos colocados em 2007 e 2014, respectivamente.


Mas, o futebol, cheio de suas surpresas, aprontou mais uma das suas e a tragédia aconteceu. Batendo recordes de bom rendimento no primeiro turno, o Corinthians passou ver o seu rendimento despencar no segundo turno. Em 12 rodadas, o Timão conquistou apenas 12 pontos. Nunca um líder do Brasileirão pontuou tão pouco no segundo turno desde 2006, quando a Série A passou a ser disputado por 20 times.


A campanha do Corinthians no segundo turno do Brasileirão só é melhor do que as campanhas de Sport (7 pontos em 12 jogos - 19,4% de aproveitamento), Coritiba (10 pontos em 12 jogos - 27,8% de aproveitamento) e Ponte Preta (12 pontos em 12 jogos, com 3 vitórias e saldo de -5 - 33,3% de aproveitamento). Com a mesma pontuação e número de vitórias que a Ponte Preta, o Corinthians só é melhor que a Macaca no saldo de gols (-4). Ou seja, levando em consideração apenas a segunda metade do campeonato, o Corinthians estaria na zona de rebaixamento.


Do início do segundo turno pra cá, o Corinthians deu várias chances de os adversários (Grêmio, Santos e Palmeiras) encostarem e eles sempre vacilavam junto. Agora, é a vez de o Palmeiras tentar. Por enquanto, só tentar. Com a chance de se aproximar de vez vencendo o Cruzeiro dentro de casa e fazer o confronto direto com o Timão no próximo domingo, no Itaquerão, o Palmeiras ficou só no empate e ainda vê o Corinthians a mais de uma vitória à sua frente. Se tivesse vencido na segunda, o Palmeiras estaria a três pontos do líder, como não teve competência pra vencer, está a cinco pontos.


Segue agora a novela mexicana. O Corinthians vive o drama de ver o seu rendimento cair e o seu arquirrival se aproximando e ameaçando tomar o seu lugar. O Palmeiras, por sua vez, quer tomar o lugar do Timão, mas na hora H bate um medo, um cagaço mesmo, e ele acaba não dando conta do recado.


Quem levará a melhor no clássico? Seria esse jogo uma “final simbólica? Quem ficará com o título? No próximo domingo, às 16h (horário da Bahia), em Itaquera, acompanharemos mais um capítulo decisivo da novela Brasileirão 2017.